Monday, February 19, 2007

"o"

O abraço que te dei
que te circundou em "o"
fechou nossos corpos em um só.

E o que dentro do "o" se fez...
oh
nem com mais um "h",
OH
nem em maiúscula me faz
voltar a sentir o que em "o"
ou oh
ou OH
senti ao te abraçar.

Ela disse-lhe

"Não te quero ver mais".
Ele tapou-lhe os olhos e, acto contínuo, beijou-a, abraçando-lhe a cabeça.
O beijo prolongou-se até que, dento do abraço, o pescoço dela estalou.

Saíra muito bem a fotografia

Sempre que sorria, as maçãs do rosto entumeciam e rosavam, como se estivesse em esforço.
Não obstante estivesse a sorrir, saíra muito bem na fotografia.
Quando reparou, ao seu lado estava Inês, também sorridente.
Empalideceu.
Ela não tinha porque estar alí.
Ele não tinha porque estar a sorrir.
A fotografia não tinha porque ter ficado tão bem.
Tremúlo, abriu a última gaveta e retirou do fundo uma tesoura de pontas.
Espetou o fotógrafo 17 vezes com a tesoura de pontas, quando este lhe abriu a porta do estabelecimento no dia seguinte.
Emoldurou a fotografia e mandou-a a Inês, com uma dedicatória.
"Ficamos bem juntos. Se te voltar a encontrar mato-te."